As Rosa não Morrem ...
"Primeiro a tua mão sobre o meu seio
Depois o pé - o meu - sobre o teu pé....
Logo o roçar urgente do joelho
e o ventre mais à frente na maré.
É a onda do ombro que se instala.
É a linha do dorso que se inscreve.
A mão agora impõe, já não embala
mas o beijo é caricia, de tão leve
O corpo roda: quer mais pele, mais quente,
a boca exige: quer mais sal, mais morno.
Já não há gesto que não se invente,
ímpeto que não ache um abandono.
Então já a maré subiu de vez.
É todo o mar que inunda a nossa cama.
Afogados de amor e de nudez
somos a maré alta de quem ama.
Por fim o sono calmo, que não é
senão ternura, intimidade, enleio:
o meu pé descansando no teu pé,
a tua mão dormindo no meu seio"
In Cem Poemas Portugueses no Feminino, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar
Rosa Maria de Bettencourt Rodrigues Lobato de Faria (nasceu em Lisboa a 20 de Abril de 1932; m. 2 de Fevereiro de 2010)
Imagem retirada D´Aliciante
Poesia via NothingandAll
Depois o pé - o meu - sobre o teu pé....
Logo o roçar urgente do joelho
e o ventre mais à frente na maré.
É a onda do ombro que se instala.
É a linha do dorso que se inscreve.
A mão agora impõe, já não embala
mas o beijo é caricia, de tão leve
O corpo roda: quer mais pele, mais quente,
a boca exige: quer mais sal, mais morno.
Já não há gesto que não se invente,
ímpeto que não ache um abandono.
Então já a maré subiu de vez.
É todo o mar que inunda a nossa cama.
Afogados de amor e de nudez
somos a maré alta de quem ama.
Por fim o sono calmo, que não é
senão ternura, intimidade, enleio:
o meu pé descansando no teu pé,
a tua mão dormindo no meu seio"
In Cem Poemas Portugueses no Feminino, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar
Rosa Maria de Bettencourt Rodrigues Lobato de Faria (nasceu em Lisboa a 20 de Abril de 1932; m. 2 de Fevereiro de 2010)
Imagem retirada D´Aliciante
Poesia via NothingandAll
Etiquetas: Amor, Blogoesfera, Homenagem, Imagem do Dia, poesia
Maravilha, como de forma tão singela que até parece fácil se consegue traduzir um momento tão especial.
Abraço,
Humberto
Um percurso recheado de trabalho intenso, espelhado nas obras de qualidade inigualável que nos deixa.
É uma grande perda.
Kandandos
Bonita homenagem que prestaste aqui. A Rosa merece. Fiquei chocada ontem, quando li na Sábado online que ela tinha morrido. Lindo este poema. Lindo.
Obrigado Miguel pela referência e link. O post com este poema (de que gosto bastante) já estava feito e agendado para aparecer no blog em 20 de Abril de 2010. Pelo infausto acontecimento acabou por ser publicado mais cedo (infelizmente). É a vida... gozemo-la de bem connosco e com os outros enquanto andamos por cá :) Um abraço (... e esquece o Sporting ...)
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